Você está preparado para ser um jornalista?
Ser jornalista vai além de ter um refinado status
social, ser visto como um ser de alto calibre intelectual, defensor dos
interesses sociais comuns, combatente dos maus costumes ou promotor de
discussões calorosas recheadas de opiniões divergentes ou convergentes nos
meios de comunicação ou redes sociais. Para empunhar a caneta e o bloquinho de
anotações e se tornar um desses "soldados da informação" é
preciso vencer certos desafios como manter ativo o hábito da leitura, o
desapego de folgas e festas de fins de semana, a perda da vida social e do convívio
familiar e até mesmo do dinheiro farto ou de um registro na carteira de
trabalho. Dura realidade, mas que pode compensar em diversos sentidos se você
quiser realente seguir essa carreira!
O que você anda lendo?
Perguntar a um jornalista se ele gosta de ler é (ou
deveria ser) como se fosse perguntar se um coelho gosta de cenouras. Mas, infelizmente
o índice de leitura entre os novos jornalistas está cada vez menor. Isso é
fácil de ser constado nos bancos das faculdades de comunicação. Redações com
palavras sem acentos, frases sem vírgulas, palavras repetidas por demais, falta
de coerência de ideias ou até mesmo linguagem falada no lugar da linguagem
escrita. Coloquialismo? Naturalidade? Não, mesmo. É falta de domínio e costume
de ler e escrever corretamente antes de saber como desenvolver técnicas de elaboração
de textos voltados ao público a qual se escreve.
O "Joãozinho" e seus porquês
Jornalista deve ser curioso, como uma criança falante. Por que a presidente não
pode baixar a inflação? Por que a polícia não prende o político procurado pela
Interpol? Por que o bandido foi solto mesmo depois de ser preso em flagrante?
Por que os direitos não são respeitados como deveriam? Para tudo há uma
resposta, agradável ou não, mas que às vezes não é entregue numa bandeja a
sociedade por um "garçom-jornalista". Perguntar não ofende (pelo
menos não deveria), mas se você perguntar demais e a pessoa não souber
responder ela pode te expulsar do local ou armar um verdadeiro barraco. Como
diz o ditado: a curiosidade matou o gato. Então, vamos cutucar a onça com uma
varinha mais comprida, não é? Ou seja, vamos nos embasar com o máximo de
informações antes de questionar alguém.
Seu sem-vergonha!
Como seria uma atriz muito tímida em cena? Um policial
com medo? Um açougueiro que passa mal ao ver sangue? É a mesma coisa com
jornalista envergonhado. O profissional da comunicação não precisa ser
descarado, roubar a atenção sempre quando chega, fazer de tudo para ser notado,
mas travar na frente de um entrevistado ou da câmera é sinal de que algo está
errado. Se isso acontecer, é preciso trabalhar para reverter essa situação como
treinamentos ou até mesmo conversar com um psicólogo. Não se sinta constrangido
por isso! Aulas de dança de salão e teatro costumam ajudar. Eu já fiz os dois. Falar
na frente do espelho, gravar uma selfie no celular ou discursar em festas da
família pode ser um começo para driblar o acanhamento.
Seja sociável
Jornalistas falam de pessoas para pessoas. Falam do
que elas fazem ou deixam de fazer e as outras, do outro lado da telinha, rádio,
web ou jornal, querem saber das coisas que as interessam. Estar acessível é uma
maneira de facilitar que a informação chegue até você para ser publicada. Uma
maneira de fazer isso é participar de ações sociais como o futebol com os
colegas do trabalho ou uma reunião na câmara de vereadores. Algumas pautas
nascem até mesmo em conversas de botecos, na padaria, na fila do banco, nas
redes sociais e até com a ajuda daquela vizinha fofoqueira. Informação não
ocupa espaço e pode ser muito bem acumulada. E elas vêm, geralmente, por meio
de redes de relacionamentos individuais ou coletivos. Cultive suas fontes,
sempre!
Gostar do que faz
Ter prazer e satisfação pela função que exerce torna o
trabalho menos cansativo, traumático, doloroso ou irritante. Mas, assim como o
gosto amargo dos remédios, cada profissão tem seus lados menos atrativos. Ser
jornalista pode ter momentos em que será preciso manter a calma e não desanimar
como quando o chefe chamar sua atenção ou aquela matéria que você fez com tanto
entusiasmo for alterada ou até mandada para o lixo. No começo da carreira isso
parece a queda num abismo de estalagmites ou um corte profundo no peito feito
por um punhal eletrizante e venenoso, mas tenha paciência. Com o tempo, a
experiência e o amadurecimento profissional mostram que esse tipo de coisa
incomoda, mas não tanto quanto antes. Portanto, seja forte sempre, até mesmo de
estômago. Sim, algumas vezes você pode ver o que não gostaria ainda mais se for
um repórter policial. Você sabe do que eu digo. Já vi esfaqueados,
esquartejados, membros decepados ou órgãos que não deveriam estar do lado de
fora. Mas, calma! Sem pânico. Se não gostar disso, ainda tem a editoria de
política, educação, economia, esporte, tecnologia e mais umas 20 outras que não
envolvam o estado de saúde das vítimas ou plantões no IML.
Ser o máximo do mínimo
Um dos problemas do jornalismo é a arrogância. Achar
que sabe de tudo, deixar o sucesso subir a cabeça ou mesmo menosprezar os que
estão a sua volta ou aqueles que começaram depois de você. Já vi colegas meus
agirem dessa forma e o resultado não foi muito agradável. Também já vi grandes
jornalistas se portarem dessa forma. Isso só serviu para diminuir a admiração
que tinha por eles. Se você pensa em ser jornalista só para aparecer na TV, só
te desejo boa sorte. Ainda acredito que o conteúdo é bem mais valorizado que a
beleza física. Muitos têm a sorte de se darem bem por terem o "padrão de
beleza" aceitável para determinados fins jornalísticos. Assim como os
melhores perfumes podem estar nos menores frascos, os piores venenos também.
Resumindo: combata o ego inflado – isso afasta muita gente de você.
Supere as expectativas
Basicamente, o que se espera de um jornalista é uma
boa base de conhecimentos gerais, um bom português escrito e falado e uma boa
desenvoltura na execução de suas tarefas. O "algo a mais" será por
sua conta e pode fazer a diferença na hora da contratação. Um inglês fluente, o
domínio de um assunto específico de interesse do veículo de comunicação ou a
experiência de trabalhos anteriores estão entre os primeiros itens listados
pelas chefias de redação como diferenciais de um candidato a uma vaga. E você?
Já pensou em seu diferencial?
Se você já estiver contratado, meus parabéns! Hora de
superar as expectativas de seus superiores com boas ideias de pautas,
personagens para ilustrar uma reportagem ou colher informações que possam fazer
de uma reportagem "A Reportagem". Ler e reler o seu texto antes de
entregar pode evitar erros de português e te salvar de uma crítica com
fundamentos documentados pode você mesmo! Ah, e não reclamar da escala de
plantões de fim de semana e feriados é outra dica importante. Eu mesmo
emplaquei uma reportagem nacional em um plantão da noite de um fim de semana!
Olha só: http://g1.globo.com/hora1/ edicoes/2015/08/10.html#!v/ 4381040
Boa sorte nesta nova e viciante carreira.
T.M.
Comentários