Seremos substituídos por apresentadores virtuais?

Personagens virtuais já são muito comuns em jogos de videogame e em filmes. A alta qualidade das produções em texturas e movimentos faciais, muitas vezes, nos implantam a dúvida de que o que vemos é real ou não. Mas, e se esse tipo de tecnologia invadir os noticiários? Será que nós, apresentadores, poderemos perder nossos empregos? Bom, isso já aconteceu, pelo menos em forma de "testes" e a resposta para a nossa empregabilidade pode ser sim e não.

Eva Byte - primeira apresentadora virtual brasileira

Alguns "ensaios" com apresentadores digitais em programas noticiosos já foram feitos em diversos países, e o Brasil não ficou de fora. Em 2004 a Rede Globo saiu na frente e criou a primeira apresentadora virtual brasileira, Eva Byte, que apresentou um quadro no programa dominical Fantástico até 2009. Eva foi criada por uma equipe de 15 profissionais entre técnicos e animadores que, inclusive, trabalham na Disney e participaram de filmes como o Homem de Ferro.

No início, a apresentadora virtual do Fantástico tinha outro nome, Nica Shelley, mas este foi trocado depois de uma votação de internautas. E pra quem ainda ainda não pegou as referências, aí vai: Eva vem do nome da primeira mulher na Terra, segundo a Bíblia, e Byte é uma unidade de medida usada na informática.

Eva Byte e Helen Brito
Eva Byte e Helen Brito

Ao ser apresentada ao público, a reação foi imediata. Muitos acharam se tratar de uma "clone" virtual da apresentadora (real) da Globo Sandra Annenberg que, na época, estava à frente do Jornal Hoje. Outros encontraram semelhanças com a jornalista Glória Vanique, que entrou logo depois na Globo, em 2007. Teve até quem acreditasse se tratar de uma "parente" ou até mesmo a própria Lu, garota propaganda do Magazine Luiza. (Será que foi por isso que Eva "perdeu" o emprego?)

Já a voz era de Eva era de uma locutora de verdade, chamada Helen Britto que, atualmente, também atua como professora universitária no Rio de Janeiro. Na época ela estava proibida de dizer que a voz de Eva Byte era dela.

Veja algumas apresentações da Eva Byte clicando aqui.

Mas, outros países também lançaram seus protótipos de apresentadores virtuais. A agência estatal da China apresentou ao público, há alguns anos Xin Xiaowei, a âncora humanoide digital, mas que também usa emprestado uma voz humana, de uma jornalista, para transmitir as notícias em vídeo. Os movimentos dela são suaves e precisos, incluindo detalhes discretos como piscar os olhos enquanto fala. 

Mas, Xin não é a primeira apresentadora digital da China. Desde 2018, os chineses têm investido em apresentadoras digitais que substituem as âncoras humanas. Xin Xiaowei é pioneira, no entanto, no uso das tecnologias 3D e de inteligência artificial, que vai aprendendo a cada dia como usar melhor seus movimentos "na frente da câmera".

Xin Xiaowei  - as semelhanças com um humano são muito grandes

A versatilidade de uma apresentadora virtual é, praticamente, infinita. Ela pode trabalhar em pé, sentada e com inúmeros tipos de roupas, corte de cabelo ou cenários - não apenas numa bancada de telejornal. Imagine ela apresentando um telejornal direto da Lua? Ou das profundezas do mar? Ou, até mesmo, de dentro de vulcões, geleiras, do alto de montanhas, monumentos históricos e até entrevistar outros personagens também virtuais?

Por isso eu digo, poderemos ser substituídos na bancada de um telejornal sim, mas a possibilidade também não é 100% certa se compararmos os livros físicos e a internet - muitos ainda não dispensam uma boa leitura no papel, assim como não dispensarão um ser humano na transmissão das notícias por vídeo.

A variedade de cenários vai além da tradicional bancada de telejornal

Ainda no Brasil, temos um outro movimento parecido - o de influenciadores 100% digitais. Em novembro de 2011, por exemplo, a startup Biobots lançou a Satiko - um avatar da apresentadora Sabrina Sato. A empresa garante que a versão digital tem uma personalidade própria e uma proposta de ampliar a interação com o público nas redes sociais, tanto da modelo real quanto da virtual, com foco, inclsive, no Metaverso.
Satiko - influenciadora 100% digital inspirada em Sabrina Sato

Sabrina Sato já tem 40 anos, é mãe, casada, enquanto Satiko tem um estilo de vida diferente, mais jovem e aventureira, justamente para se identificar com seus seguidores. E claro que tudo isso foi pensado para atrair mais seguidores, engajamento, lucro e monetização - até mesmo por meio de NFT´s.

 

Lifestyle diferente da inspiradora humana

Por Thiago Moraes

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