A carreira de Luiz Fara Monteiro, repórter da Record TV Brasília

Ele é repórter especial em Brasília do Jornal da Record. Cobre assuntos relacionados à Política e Economia, além de apresentar as edições do telejornal nacional, direto da capital de São Paulo, aos sábados e feriados na folga dos apresentadores oficiais Celso Freitas e Adriana Araújo dentro de um rodízio de apresentadores.

Natural da capital do Rio de Janeiro, Luiz Fara Monteiro Filho, de 49, é jornalista formado em 1998 pelo Centro Universitário IESB - Instituto de Educação Superior de Brasília, no Distrito Federal, além de ser formado em inglês pela Universidade de Witzwatersrand de Joanesburgo, na África do Sul, na época em que foi repórter correspondente pela Record.


O início da carreira

O primeiro trabalho em TV de Luiz foi em 1995 durante a faculdade na TV Brasília, afiliada da Rede TV!, onde apresentava um programa de videoclipes. "Na época apenas quem tinha TV a cabo conseguia assistir videoclipes pela MTV. Trazer clipes para a TV aberta foi uma grande sacada e nossa audiência era muito boa. Eu já trabalhava em rádio como locutor e os contatos com as gravadoras nos permitia viajar o país para entrevistar e fazer reportagens com muitos artistas. Me tornei amigo de Ivete Sangalo e tantos outros artistas", relembra Luiz.

O início efetivo no telejornalismo foi em 2001 na TV Nacional, do grupo Radiobras - hoje EBC - do governo federal, exatamente do fatídico 11 de setembro, dia dos ataques às torres gêmeas do complexo empresarial do World Trade Center, na cidade de Nova Iorque, nos Estado Unidos. "Lembro que me apresentei ao chefe de redação e ele mal teve tempo de me cumprimentar. Disse "fique por aí que já conversamos". Passei a tarde toda na redação vendo os jornalistas correndo de um lado para o outro e eu não fiz nada. Não tiveram tempo para mim!", relembra Luiz que ri dessa situação hoje em dia.

A escolha pelo jornalismo político foi natural, já que não dá pra fugir muito da área na Capital Federal. Por viver em Brasília desde os 16 anos, Luiz conta que o primeiro emprego foi como locutor de rádio, algo inesperado para ele. "Cheguei na cidade e não tinha amigos. Além de estudar, passava o resto do tempo ouvindo rádio. Um dia resolvi sair para conhecer a cidade e decidi começar por visitar a emissora que eu ouvia. Acabei fazendo amizade com o locutor do horário e, notando minha curiosidade por aquele universo, ele me convidou para fazer um teste. Anos depois, a emissora de TV do grupo de comunicação lançou o programa de videoclipe e me chamaram para gravar um piloto."


O trabalho em Brasília

 Luiz diz que a cobertura em Brasília é alternada entre o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e os Ministérios. Assunto não falta! "Eu e os colegas revezamos as pautas políticas e os desafios são vários: contar histórias longas em pouco tempo, fazer fontes em todos os setores do governo, em todos os partidos, no judiciário etc. Recebemos as pautas no início da tarde e saímos logo a campo para apurar, escrever e gravar os textos. Eventualmente fazermos coberturas especiais e viajamos às pressas, como recentemente quando se deteriorou a relação diplomática entre Brasil e Venezuela. Fui para Pacaraima, em Roraima, na fronteira entre os dois países, onde passamos uma semana".

Dá pra ver que a rotina no trabalho do jornalista não é sempre a mesma. "Sair de casa sem saber como nem onde será meu dia é o que mais me agrada. Odeio rotina, mesmice, isso acaba comigo. Soube duas semanas antes que eu iria para a Copa da Rússia, no ano passado. Até então eu estava torcendo para que nos horários dos jogos eu tivesse um tempo entre as pautas para dar uma olhada na TV. E, de repente, eu estava pousando em Moscou".


Junto a João Santos, Luiz está entre os primeiros apresentadores negros do Jornal da Record. Ele diz que a receptividade do público foi muito boa nas redes sociais. "Creio que fui chamado pelo tempo de empresa, pela experiência de já ter apresentado na Record Brasília e em outras emissoras. Mas, a televisão no Brasil precisa também dessa mistura, de fugir de um padrão quase único. Quando apresentei o jornal local da emissora em Brasilia uma senhora me parou na rua e disse que eu tinha transformado a vida do filho dela, que era negro, e que tinha vontade de fazer jornalismo televisivo, mas tinha certeza que não teria oportunidade no mercado por conta da cor da pele. Isso é muito gratificante e inspirador."

 

Momentos marcantes

Foram muitos momentos de alegria, tensão, euforia e tristeza. Luiz relembra que quando a seleção brasileira campeã de 2002 estava para desembarcar em Brasília com a taça da Copa do Mundo, ele apresentava um telejornal no estúdio, mas ele queria mesmo era estar na rua, com a equipe de reportagens. Depois de muito insistir com a chefia, conseguiu um cinegrafista no último instante e foi para a Base Aérea onde os jogadores já tinham se posicionado no caminhão do Corpo de Bombeiros para o desfile pelas ruas da capital até o Palácio do Planalto. "Eu não tinha credencial para entrar no caminhão que levaria os jornalistas. Vi Ivete Sangalo cantando em cima do trio e sinalizei pra ela, que acenou para eu subir. Um minuto depois, o Edilson, que é baiano como Ivete, puxou os jogadores para o trio onde só tinha eu e meu cinegrafista de jornalista. Furamos todo mundo! Eu gravei ali com Rivaldo, Kaká, Lúcio... Vi o Vampeta colocar cerveja em latinhas de refrigerante para enganar a comissão técnica e a imprensa. Todo mundo lembra de horas depois ele dar aquelas cambalhotas e quase desabar da rampa do Planalto na frente de Fernando Henrique Cardoso e Felipão. Anos depois ele confessou que estava bêbado", relembra Luiz em gargalhadas. E continua: "Ronaldo Fenômeno estava de marra e se recusou a gravar. Mas, notei que a mãe dele, Dona Sônia, também subiu no trio elétrico. Puxei conversa com ela, eu disse que também era carioca e tal. Quando engatamos na conversa eu fiz "cara de cachorro quando cai do caminhão da mudança": "Ôh, dona Sônia, será que o Ronaldo não grava comigo?". Ela puxou o filho pelo braço e ordenou: "Ronaldo, dá uma entrevista para meu amigo aqui". Que história hilária, Luiz!

Outro momento que ficou para a história do jornalista foi na África do Sul, onde viveu como correspondente do Jornal da Record. Ele cobriu a votação de Nelson Mandela na eleição presidencial em 2009. "Gravei uma passagem - aquele momento em que o repórter aparece na reportagem - a três metros da personalidade mais incrível que conheci em vida. Eu e o cinegrafista comemoramos e ligamos para a emissora para avisar. Mas, quando fomos conferir o material descobrimos que havia dado uma falha no áudio. Sentei numa calçada e vivi uns 5 minutos de lágrimas e decepção. Aí tivemos a ideia de dublar o texto. Ficou tão perfeito que nem meu editor percebeu e a reportagem foi ao ar", revela Luiz.

Recentemente, na cobertura na fronteira do Brasil com a Venezuela, o jornalista relembra momento de tensão como confronto entre manifestantes e as forças de segurança de Nicolás Maduro; pessoas sendo mortas com tiro a queima roupa; e mulheres e crianças caminhando por seis dias pela mata em direção ao Brasil para fugir da violência e fome. "Durante a cobertura você sente tristeza, mas segue com o trabalho. No dia final da cobertura sentei sozinho num morro perto da linha de fronteira e desabei a chorar pensando naquelas pessoas". Esse tipo de coisa ninguém ensina na faculdade.

 


Desafios e metas

Luiz destaca como desafio o fato de não se envolver com o fato, se concentrar na função de apurar e mostrar a informação. "Ao mesmo tempo que a cada dia é mágico sair de casa sem saber como será seu dia, é desafiador também saber que a cada dia você terá uma cobrança imensa da sua chefia por uma informação de qualidade, de um furo, de uma exclusiva. O meio ainda está passando por uma transformação com novas linguagens, novas tecnologias, novos formatos. O desafio maior talvez seja estar sempre se preparando para se superar", orienta o jornalista.

Luiz também relembra da insistência no começo da carreira. Ele diz que nunca foi contratado nos lugares em que deixou currículo, mas surgiram convites e oportunidades até melhores do que aquelas que planejou. "Quando eu trabalhava na então Radiobras, hoje EBC, queria muito fazer reportagem para TV aberta, queria sair do jornalismo institucional. Recebi o convite para fazer um piloto do telejornal local da Record. Mandaram o material para a direção da emissora em São Paulo. E quando eu achava que talvez nem fosse aprovado, não só fui contratado como fui imediatamente convidado para inaugurar o escritório da emissora na África do Sul. Investi em um sonho e vieram dois", conta o jornalista.

Quem acompanha Luiz nas redes sociais, percebe a paixão que ele tem por aviões. São fotos na cabine de comando, com a tripulação e muitos textos com explicações técnicas de modelos de aeronaves entre outras coisas. Luiz conta que foi criado em Caxias, na Baixada Fluminense, sob a rota de aproximação do Aeroporto do Galeão. Ele tinha três tios que trabalhavam na Varig, uma da companhias aéreas mais conceituadas do mundo na época. Um deles, que trabalhava servindo caviar na primeira classe, sempre trazia produtos que eram distribuídos aos passageiros como biscoitos com a logomarca da companhia. Certa vez, quando Luiz era criança, este tio disse que o levaria para conhecer um hangar e entrar em um 747, um avião Jumbo. Luiz diz que ficou os três dias antes da visita sem dormir de tanta ansiedade. Por fim, o jornalista diz que estudou por um tempo sobre teoria da aviação e que sonha um dia em ser piloto.



O futuro do telejornalismo no Brasil

É notório que a área de comunicação passa por mudanças por conta da era digital. A tecnologia mudou a maneira de se fazer jornalismo, trouxe facilidades como entrar ao vivo em um telejornal com um mochilink, um transmissor digital do tamanho de uma caixa de sapatos ou até mesmo pelo celular, dispensando o uso dos antigos mini-caminhões com parafernálias e antenas para subir o sinal para o satélite. "Acho que o futuro também passa pela especialização. Quanto mais conhecimento, maior a chance de você seguir no mercado", completa Luiz, que também aconselha os novatos a persistir, mesmo com as portas fechadas no início.

Ele diz ainda que a TV exige, antes de mais nada, desenvoltura, seja no vídeo ou nos bastidores. "É preciso investir na profissão, fazer cursos, se destacar com conhecimento, com jogo de cintura. Observar a linguagem, o formato. Conhecer bem todas as fases da reportagem. Muita gente chega ao mercado ainda pensando que TV é glamour e altos salários. E isso mudou já há um bom tempo."

Luiz diz que percebe muita gente chegando no mercado de trabalho do telejornalismo quase sem noção nenhuma de prática. "Talvez algumas instituições poderiam equilibrar mais o conteúdo entre teoria e prática. Penso que falta um pouco de leitura também. Livros e conteúdos, mesmo digitais, dos mais diversos assuntos, ajudam bastante. Os estudantes precisam se diferenciar com conhecimento. Antigamente se diferenciava quem falava inglês. Hoje, o mercado exige muito mais que uma língua estrangeira. Mais do que nunca os títulos acadêmicos e os conhecimentos específicos farão diferença. A especialização ajuda muito", finaliza o jornalista.

 

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